Enfrentando dificuldades crescentes para contratar trabalhadores dispostos a executar tarefas pesadas e repetitivas, a incorporadora Patriani anunciou que vai começar a testar robôs humanoides em seus canteiros de obras até o final de 2026. O objetivo é que as máquinas assumam funções como carregar materiais e realizar atividades consideradas de maior risco.
“Não queremos substituir pessoas, mas está cada vez mais difícil encontrar profissionais para serviços brutos da construção”, explicou Valter Patriani, sócio-fundador da empresa, durante painel no Construsummit 2025 – evento que reuniu mais de 2 mil executivos do mercado imobiliário para discutir as tendências do setor.
A empresa ainda mantém em sigilo qual companhia de tecnologia será responsável pelo fornecimento dos robôs, mas informou que cada unidade custará cerca de 30 mil dólares. Segundo Patriani, os primeiros testes devem começar ainda neste semestre, seguidos de adaptações para atender às especificidades dos canteiros brasileiros, que costumam ter terrenos irregulares e condições variadas.
Robôs em canteiros: realidade ou ficção?
A ideia de empregar robôs humanoides na construção civil parece futurista, mas não chega a ser inédita. A Boston Dynamics, por exemplo, vem desenvolvendo o Atlas, robô projetado para realizar tarefas de força, embora já tenha enfrentado críticas ligadas a normas de segurança.
Apesar dos avanços tecnológicos, especialistas acreditam que o uso massivo de robôs humanoides em obras ainda está distante. “Existem drones e máquinas que desempenham papéis importantes na construção, mas mesmo no exterior não vemos casos expressivos de robôs humanoides atuando em canteiros”, avalia Guilherme de Assis Brasil, CTO da Softplan, empresa de tecnologia para o setor.
Segundo ele, a construção civil apresenta desafios únicos em relação à indústria tradicional, que opera em ambientes planejados e padronizados. “Os canteiros têm terrenos variados e situações imprevisíveis, o que torna a automação mais complexa”, comenta. Ainda assim, o executivo considera realista projetar os primeiros testes de campo para os próximos dois anos.
Fora da construção, a automação avança em ritmo mais acelerado. A Amazon, por exemplo, já utiliza robôs em seus centros de distribuição e realiza testes de entregas com máquinas nos Estados Unidos.
Se os testes da Patriani forem bem-sucedidos, os canteiros de obras no Brasil poderão entrar em uma nova era, combinando a força das máquinas com a supervisão e experiência dos trabalhadores humanos.