Tarifa de 50% anunciada por Trump eleva riscos e pressiona mercado imobiliário brasileiro

A decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de aplicar uma tarifa geral de 50% sobre produtos brasileiros gerou preocupação em diferentes setores da economia nacional. As exportações de commodities agrícolas e de produtos siderúrgicos (aço) devem sentir os impactos mais diretos, já que os Estados Unidos representam um destino relevante para essas mercadorias. Especialistas, no entanto, destacam que as consequências tendem a se espalhar por toda a economia, alcançando inclusive o segmento imobiliário.

O anúncio ocorre em um momento de vulnerabilidade interna: inflação acumulada de 5,35% nos últimos 12 meses, taxa Selic elevada em 15% ao ano e pressões no câmbio que têm trazido instabilidade ao mercado. Analistas avaliam que a nova tarifa tende a intensificar a volatilidade do dólar nos próximos dias, encarecendo produtos básicos e insumos industriais, entre eles os utilizados na construção civil.

Esse cenário aumenta a apreensão no mercado imobiliário, que vinha se beneficiando de expectativas de corte nos juros e melhora gradual da renda. Uma combinação de câmbio instável e juros altos dificulta o acesso ao crédito e compromete as condições de financiamento habitacional.

No mercado internacional, a alta do dólar também deve frear o movimento de brasileiros que compravam imóveis nos Estados Unidos como forma de proteger o patrimônio. Diante das novas barreiras comerciais, especialistas projetam que esses investidores passem a buscar alternativas em destinos como Portugal, Emirados Árabes Unidos ou países vizinhos na América do Sul.

Até o momento, o Banco Central não anunciou medidas adicionais para conter os efeitos da decisão americana, mas o mercado monitora atentamente eventuais mudanças na política monetária. Caso a volatilidade do câmbio pressione ainda mais a inflação, há risco de o ciclo de queda da Selic ser interrompido ou até revertido, adicionando mais incerteza ao setor.

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