No Agreste paraibano, mais precisamente no município de Esperança, ergue-se um monumento que desafia a lógica arquitetônica e, talvez, a paciência do Corpo de Bombeiros em caso de superlotação: a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Descrita por entusiastas como a “menor capela católica do mundo”, um título não oficialmente carimbado pelo Guinness Book, mas veementemente defendido pelos locais, esta pérola da fé cabe em um piscar de olhos, ou melhor, em três metros de largura.

Com seus surpreendentes dez metros de altura, a capelinha é o oposto do minimalismo horizontal. Ela foi erguida em 1925, não por um capricho estético, mas como um agradecimento por uma graça alcançada no auge de um surto de cólera que devastou a região no final do século XIX. A primeira-dama da época, Dona Esther Rodrigues (conhecida como Dona Niná), e seu esposo, o então prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, cumpriram a promessa e nos presentearam com este micro-templo, hoje formalmente tombado como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado.

A promessa de salvação durante uma epidemia deu à Capela do Perpétuo Socorro sua fama de resistência, não apenas às doenças do passado, mas ao gigantismo desnecessário de outras construções. O espaço interno, para uma congregação de, no máximo, quatro almas devotas (contando com o padre, se ele for magrinho), transforma a missa em um evento tão exclusivo quanto um camarote VIP celestial. Toda terça-feira, no entanto, a novena perpétua reúne os fiéis do lado de fora, no topo do lajedo, de onde se tem uma vista privilegiada e metafórica da cidade.

Enquanto a maioria dos locais de culto compete pelo maior número de assentos e a maior cúpula, a Capela de Esperança inverte a balança. Ela prova que, no Nordeste, a força da fé se mede em devoção, história e no impacto turístico que uma construção de três metros pode gerar. É o destino perfeito para quem busca uma visita que seja simultaneamente profunda e incrivelmente rápida.




